USP lança fábrica portátil de semicondutores inédita – 15/12/2025 – Mônica Bergamo
A USP (Universidade de São Paulo) lança nesta terça-feira (16) uma iniciativa que pretende colocar o Brasil no mapa da manufatura avançada de semicondutores. O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior comanda, no InovaUSP, a cerimônia de apresentação da PocketFab, descrita como a primeira fábrica de semicondutores portátil, modular e sustentável do mundo.
O projeto foi desenvolvido em parceria com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). A proposta é concentrar, em módulos compactos e reconfiguráveis, etapas que hoje só existem em fábricas tradicionais de grande porte e altíssimo custo.
Na prática, a PocketFab funciona como uma linha piloto de semicondutores que “cabe em qualquer lugar”. Pode ser instalada em universidades, parques tecnológicos, distritos industriais ou até em regiões remotas, onde uma fábrica convencional seria inviável.
A estrutura permite desde litografia e metalização até empacotamento, testes e metrologia. Também viabiliza a produção de chiplets, sistemas integrados para inteligência artificial, dispositivos de internet das coisas, sensores ambientais e protótipos para áreas como saúde, automotivo, aeroespacial, robótica e agronegócio.
Segundo a USP, a ideia é democratizar o acesso à microeletrônica de ponta, aproximando pesquisa acadêmica, startups e indústria. O Senai atuará na operação da fábrica e na articulação com o setor produtivo.
O projeto nasce com um discurso forte de soberania tecnológica. A avaliação interna é que a PocketFab cria um novo modelo para países emergentes que buscam reduzir a dependência externa em uma área considerada estratégica.
Há também um eixo ambiental. A fábrica foi concebida para consumir menos energia, reduzir a área de salas limpas, usar menos água e produtos químicos e abrir caminho para a certificação de “chips verdes”.
“Ao trazer para o ambiente acadêmico uma manufatura de semicondutores de alta precisão, a USP reafirma seu compromisso de transformar conhecimento em inovação com benefícios concretos para a sociedade”, afirma Carlotti.
Para o diretor do InovaUSP, Marcelo Zuffo, o projeto representa um “ponto de inflexão” para o Brasil e a América Latina, ao propor uma produção descentralizada, modular e sustentável em um dos setores mais estratégicos do século.
A universidade já negocia parcerias com instituições e empresas dos Estados Unidos, Europa e Ásia e prevê acordos de pesquisa, formação de pessoal e transferência de tecnologia a partir da nova plataforma.
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