Tenistas são alvo de mensagens agressivas de apostadores – 28/08/2025 – Esporte

Tenistas são alvo de mensagens agressivas de apostadores – 28/08/2025 – Esporte


Naomi Osaka estava em uma tensa partida contra Liudmila Samsonova no torneio WTA de Montreal no mês passado. Osaka, bicampeã do US Open, tinha dois match points contra, mas conseguiu vencer.

A cada ponto, a tela no site da DraftKings piscava, e os números mudavam. Sinais de mais e menos oscilavam, refletindo as probabilidades de cada jogadora vencer a partida. Quando Osaka finalmente venceu, a tela mudou rapidamente para as próximas partidas, ampliando as oportunidades de apostas do torneio. A cena se repete dia e noite, todos os dias, enquanto partidas são disputadas em todos os níveis do tênis profissional.

Apostar em tênis não é novidade. Mas com o início do US Open, o último grande torneio da temporada, em Nova York, no último domingo (24), as apostas se tornaram mais prolíficas. Isso traz verbas e problemas para o esporte.

O abuso online explodiu nos últimos anos, frequentemente direcionado aos jogadores por apostadores que perderam dinheiro. As contas de redes sociais dos atletas dos circuitos WTA (feminino) e ATP (masculino) estão repletas de ataques virtuais disparados por apostadores descontentes.

A francesa Caroline Garcia, que encerrou sua carreira com uma derrota na última segunda (25), vivenciou esse abuso. Depois de ter perdido na primeira rodada do US Open do ano passado, relatou mensagens de ódio, uma delas com a imagem de uma arma.

“Há muitas pessoas que perdem dinheiro apostando e depois culpam você pela perda”, disse Garcia, que chegou ao quarto lugar do ranking. “Elas começam a insultar você e dizer coisas ruins sobre você, sua equipe e sua família. Acredito que essas pessoas que chegam a esse nível de insultos e ameaças são pessoas doentes.”

Elina Svitolina ficou tão chateada com as mensagens de ódio que recebeu após uma derrota em Montreal neste mês que recorreu às redes sociais para repreender os apostadores. “Se suas mães vissem suas mensagens, ficariam enojadas”, escreveu a ucraniana.

Desde 2018, quando as apostas esportivas se tornaram legais nos Estados Unidos, mais de uma dúzia de agências de apostas se envolveu no cenário do tênis, patrocinando torneios e cobertura televisiva. Nenhum dos torneios do Grand Slam, incluindo o US Open, tem acordos de patrocínio com empresas de apostas, mas torneios preparatórios como os de Montreal e Toronto tiveram placas ao lado da quadra promovendo seus acordos com a BetMGM.

Quase toda a cobertura de rede inclui as probabilidades de jogadores vencerem partidas e comerciais de empresas de apostas como DraftKings, Bet365, Fanatics, Betway e FanDuel.

A WTA tem um acordo de vários anos com a FanDuel. Comentaristas do canal por assinatura Tennis Channel entraram na ação recentemente, dando as probabilidades e depois fazendo suas “escolhas de jogadores do dia BetMGM” nas partidas. A DraftKings até fornece um tutorial para ajudar as pessoas a apostar.

Há uma proliferação de dados disponíveis para apostadores, incluindo confrontos anteriores e o número de aces e duplas faltas para cada jogador. Segundo David Lampitt, CEO da Tennis Data Innovations, o empreendimento de direitos de dados da ATP, a oportunidade de apostar continuamente durante uma partida é o que torna o tênis o terceiro esporte mais popular para apostadores em todo o mundo, atrás do futebol e do basquete. Os direitos desses dados geram mais de US$ 250 milhões (R$ 1,36 bilhão) em receita anualmente.

“O tênis é um esporte global com seguidores em vários idiomas e locais”, disse Lampitt. “Há um volume tremendo de tênis jogado, cerca de 80 mil partidas por ano nos diferentes níveis do circuito. Além disso, o esporte é dividido em unidades menores como pontos, sets e partidas. Por causa de todas as pausas entre games e sets, bem como a acessibilidade de dados ao vivo antes e depois de cada golpe, isso permite mais apostas. A mensagem simples é que há muito tênis e sempre algo para apostar.”

Para combater o abuso online, a WTA e a ATP, junto com a ITF (entidade que gere campeonatos de níveis menores e a Copa Davis) e a organização dos quatro Grand Slams, implementaram protocolos destinados a monitorar as redes sociais dos jogadores. A ATP começou a usar o Safe Sport no ano passado para lidar com o abuso online e proteger seus membros. Recentemente, adicionou uma camada adicional de proteção para moderação e monitoramento.

A WTA e a ITF usam o serviço Threat Matrix da Signify Group, projetado para ajudar a monitorar e impedir mensagens abusivas por meio de inteligência artificial e analistas humanos. De acordo com um relatório da WTA divulgado em junho, o sistema identificou cerca de 8.000 postagens abusivas, violentas ou ameaçadoras enviadas de 4.200 contas online para 458 jogadores em 2024. Segundo o relatório, apostadores irritados foram responsáveis por 40% dessas ofensas. Embora elas sejam perturbadoras para os jogadores, apenas algumas chegaram ao nível de processo criminal.

Alguns atletas foram profundamente impactados pelo constante bombardeio de mensagens de ódio em suas redes. Após sua derrota no US Open do ano passado, Garcia jogou apenas mais um torneio antes de encerrar a temporada prematuramente. Ao justificar a decisão, citou ansiedade e ataques de pânico como fatores contribuintes.



Fonte: Uol

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