O que os jovens pelo mundo acham da proibição às redes sociais imposta na Austrália – 08/12/2025 – Tec
A proibição das redes sociais para menores de 16 anos na Austrália, que entrará em vigor na próxima quarta-feira (10), gera debate entre adolescentes de todo o mundo.
A lei será uma observada por outros países que já anunciaram que pretendem aplicar legislações semelhantes como França e Dinamarca, que tem projetos para vetar o uso para quem tem até 15 anos.
As plataformas vêm criticando a medida adotada pelo governo australiano, mas a Meta, dona do Instagram, WhatsApp e Facebook, começou, na última semana, a remover as contas dos usuários com menos de 16 anos.
Outras plataformas como YouTube, TikTok e Snapchat devem cumprir a meta até quarta-feira, sob o risco de serem multadas.
A AFP ouviu adolescentes em diversas partes do mundo para saber suas opiniões sobre o tema.
“NADA É PRETO OU BRANCO”
No calçadão de Mumbai, Pratigya Jena, de 19 anos, assiste com seus amigos a vídeos no Instagram de uma influenciadora posando com um camelo na praia.
As redes sociais “deveriam ser proibidas apenas parcialmente, porque nada é completamente preto ou branco”, opina a estudante. Segundo ela, a geração Z “faz coisas importantes” nas redes, “especialmente os jovens empreendedores”.
Ao mesmo tempo, ela reconhece que o acesso das crianças a conteúdos para adultos “tem consequências muito negativas”.
Em um parque da cidade, o treinador de críquete Pratik Bhurke, de 38 anos, considera que a medida incentivará as crianças “a passarem mais tempo ao ar livre”.
“UM POUCO EXTREMA”
Em Berlim, Luna Drewes, de 13 anos, acredita que a proibição “é boa de certa forma, porque as redes sociais frequentemente mostram uma imagem de como as pessoas deveriam ser, por exemplo, que as garotas devem ser magras”.
Enno Caro Brandes, de 15 anos, que usa luvas para poder mexer no celular em dias frios, opina que “a proibição é um pouco extrema, mas pode ajudar a desintoxicar de verdade”.
“REALMENTE ESTÚPIDO”
Firdha Razak, de 16 anos, assiste a um vídeo gerado por inteligência artificial em que um bebê canta e responde a perguntas.
Ela não apoia a proibição. “É realmente estúpido, honestamente”, embora “nós, jovens de 16 anos, não possamos fazer muito contra uma ação do governo”, opina a moradora de Doha.
Por sua vez, Youssef Walid, de 16 anos, considera que esse tipo de medida é difícil de aplicar. “É possível usar VPN. Você pode contornar facilmente e criar novas contas”, explica.
Em uma escola de Lagos, na Nigéria, Mitchelle Okinedo revisa suas anotações manuscritas porque na aula é proibido usar o celular. “Entendo de onde vem a decisão do governo [australiano]. Hoje em dia os alunos se distraem muito”, afirma.
Ainda assim, a adolescente de 15 anos acredita que “nascemos com isso e não acho que queira parar de usar”.
Sua mãe, Hannah Okinedo, de 50 anos, apoia a proibição das redes para menores de 16 anos porque muitos pais “não têm tempo para vigiar seus filhos o dia todo”.
“NÃO SABERIA O QUE FAZER”
Na Cidade do México, Aranza Gómez, de 11 anos, tem há um ano um celular com o qual pode acessar as redes sociais.
“Sem ele, honestamente, ficaria triste. Realmente não saberia o que fazer”, conta.
Santiago Ramírez Rojas, de 16 anos, está sentado em um banco na Colônia Tabacalera, na capital mexicana, olhando em seu celular notícias sobre a Argentina e as datas da turnê de um músico.
“Hoje em dia, as redes sociais são muito importantes para se expressar, independente da idade”, afirma. No entanto, ele alerta que “muitos sequestros começam online” e que “as crianças mais novas, de 10 a 12 anos, são muito mais vulneráveis”.
“NÃO TERÁ IMPACTO”
Na Austrália, onde haverá a proibição a partir desta quarta-feira, as opiniões divergem dentro das famílias.
“Não acho que o governo saiba realmente o que está fazendo e não acho que terá impacto nas crianças australianas”, assegura Layton Lewis, de 15 anos.
Mas sua mãe, Emily Lewis, espera que a medida ajude as crianças a estabelecerem “relações melhores e mais autênticas”.
“Organizarão encontros reais, como fazíamos antes, para se encontrarem com amigos pessoalmente e manterem conversas de verdade, em vez dessas amizades ilusórias online”.
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