Melhores livros de economia de 2025 até agora por FT – 19/06/2025 – Mercado
Martin Wolf, comentarista-chefe de economia do jornal inglês Financial Times, seleciona suas melhores leituras de economia deste semestre.
- Stellar: A World Beyond Limits, and How to Get There, por James Arbib e Tony Seba (Stellar)
Imagine um mundo sem escassez. É aquele que Karl Marx imaginou, onde a propriedade privada e o Estado desapareceriam. Arbib e Seba atualizam essa profecia para levar em conta duas inovações tecnológicas de nossa era: a geração e armazenamento de eletricidade a partir de energia solar, eólica e baterias, e a combinação de inteligência artificial com robôs.
Nesse mundo, argumentam eles, os males das sociedades “extrativistas” —escassez, coerção, conflito, hierarquia e colapsos ambientais— desaparecerão. Esse é um futuro plausível? Deixo essa questão para pessoas mais qualificadas do que eu. Se fosse, certamente revolucionaria o mundo.
- Democracy for a Sustainable World: The Path from the Pnyx, por James Bacchus (Cambridge)
Bacchus foi membro da Câmara dos Representantes dos EUA e duas vezes presidente do Órgão de Apelação da Organização Mundial do Comércio em Genebra, uma instituição que seu próprio país destruiu. Ele também aspira criar um mundo ecologicamente sustentável e democrático.
Seu apelo é maravilhosamente idealista: “Combinando sorteio com representação adequada, e usando as ferramentas de especialização, regras e interação”, podemos criar um mundo melhor e mais democrático. Sim, isso é “irrealista”. Mas devemos nos resignar a um mundo de ditaduras e nacionalismo estreito?
- Uncertainty and Enterprise: Venturing Beyond the Known, por Amar Bhidé (Oxford)
Ao longo de uma longa carreira, Bhidé, agora na Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade Columbia, tem se concentrado na incerteza e no empreendedorismo.
Mas seus objetivos não são metafísicos, e sim práticos: “Pretendo estimular a investigação sobre questões negligenciadas sobre o papel da incerteza nos assuntos humanos e melhorar nossa compreensão de como gerenciá-la. Não ofereço grandes teorias ou manifestos. Em vez disso, proponho algumas conjecturas sobre a justificativa de escolhas imaginadas ilustradas por aplicações no empreendedorismo.” Os resultados dessa investigação são fascinantes.
- King Dollar: The Past and Future of the World’s Dominant Currency, por Paul Blustein (Yale)
Esse excelente livro, de um dos principais jornalistas e autores econômicos do mundo, afirma sobre o papel do dólar que “com grande poder vem grande responsabilidade”. As três primeiras palavras são o título de seu primeiro capítulo, as três seguintes o título do último
Entre eles, o autor argumenta que “contra as previsões dos pessimistas… a dominância global do dólar é quase inexpugnável e permanecerá assim, exceto por erros catastróficos do governo dos EUA”. Mas, acrescenta, “o perigo de tais erros está longe de ser trivial”. Amém!
- Capitalism and Its Critics: A Battle of Ideas in the Modern World, por John Cassidy (Allen Lane/Farrar, Strauss and Giroux)
Cassidy, redator da The New Yorker, é um excelente jornalista econômico. Aqui, ele vê o capitalismo através das lentes de seus críticos ao longo de um quarto de milênio. Estes vão desde Adam Smith, os Luditas, Thomas Carlyle e Karl Marx até Joseph Stiglitz e Thomas Piketty.
As grandes conclusões são três: primeiro, há muitos críticos com críticas legítimas a fazer; segundo, o capitalismo funciona porque o sistema provou ser muito adaptável; e, terceiro, é o pior sistema possível, exceto por todos os outros que foram experimentados de tempos em tempos.
- Exile Economics: What Happens if Globalisation Fails, por Ben Chu (Basic Books)
Chu, jornalista da BBC, fez um poderoso ataque ao que ele chama de “economia do exílio”, com o qual se refere ao impulso de escapar dos emaranhados econômicos transfronteiriços que está varrendo o mundo.
No centro desse livro estão demonstrações de que a autossuficiência não levará necessariamente a uma maior segurança, que a abertura ao comércio trouxe enormes benefícios, que as importações estão longe de ser a principal causa da redução do emprego na manufatura ocidental e que o grande erro foi não ajudar as pessoas atingidas por tais mudanças econômicas. Existem alternativas muito melhores ao “exílio”. Ele está absolutamente certo.
- Crisis Cycle: Challenges, Evolution and Future of the Euro, por John H Cochrane, Luis Garicano e Klaus Masuch (Princeton)
O que se deve aprender com a série de crises e intervenções na Zona do Euro durante as últimas duas décadas? Esta questão é abordada por Cochrane da Instituição Hoover, Garicano da LSE e Masuch, conselheiro principal do Banco Central Europeu. A conclusão é que são necessárias reformas substanciais.
Elas, argumentam os autores, deveriam incluir um sistema credível para reestruturação da dívida soberana, substituição do papel do BCE como apoio fiscal por uma instituição fiscal europeia independente, movimento em direção a títulos europeus e uma união bancária que finalmente rompa o nexo “soberano-bancário”.
- The Measure of Progress: Counting What Really Matters, por Diane Coyle (Princeton)
Coyle, da Universidade de Cambridge, pergunta se medimos o progresso corretamente. Sua resposta é não: somos precisamente errados, não aproximadamente certos, como deveríamos ser. Assim, não conseguimos medir melhorias em tratamentos médicos na renda nacional, enquanto medimos muitas atividades prejudiciais.
Ela também pergunta se poderíamos medir melhor o progresso. “Sim” é a resposta. Ela sugere adicionar cálculos de capital humano, natural, social e intangível, bem como medidas abrangentes de como o tempo é usado. Esse é um livro importante.
- How Countries Go Broke: The Big Cycle, por Ray Dalio (Avid Reader)
Dalio é um dos investidores mais bem-sucedidos do mundo. Nesse livro, o fundador da Bridgewater argumenta “que existem grandes ciclos de dívida de longo prazo que inevitavelmente levaram a grandes bolhas e crises de dívida”.
Ele também coloca esses ciclos dentro daqueles de “harmonia e conflito político e social” e daqueles de “harmonia e conflito geopolítico”. Esses ciclos também são influenciados por “grandes atos da natureza” e “grandes novas tecnologias”. Combinadas, essas forças compõem “o Grande Ciclo Geral de paz e prosperidade e conflito e depressão”. Não é difícil adivinhar para onde estamos nos dirigindo agora.
- Inflation is About More than Money: Economics, Politics and the Social Fabric, por Brian Griffiths (Centre for Enterprise, Markets and Ethics/Institute of Economic Affairs)
As pessoas odeiam inflação. Elas estão, como argumenta Griffiths, ex-conselheiro econômico de Margaret Thatcher, também certas em fazê-lo. Alguns argumentarão que o aumento pós-pandêmico da inflação mal importa, já que foi trazido de volta à meta em cerca de três anos.
Mas, nesses anos, o nível de preços saltou cerca de 20% em muitos países de alta renda, quando deveria subir cerca de 6%. Tais saltos inesperados nos preços impõem custos econômicos. Mais importante, as pessoas querem que seu dinheiro seja confiável. No entanto, a “inflação inesperada mina essa confiança… A inflação é um engano. Não é diferente do roubo.” Isso é realmente fundamental.
- A Modern Economic History of Japan: Sho Ga Nai (It Is What It Is), por Russell Jones (London Publishing Partnership)
Jones, um veterano economista profissional, tem longa experiência no Japão. Nesse excelente livro, ele pergunta o que aconteceu com o “sol nascente” de quatro décadas atrás? Ele observa, corretamente, que um modelo de crescimento construído com base em altas poupanças e pesados investimentos em um setor manufatureiro globalmente competitivo enfrenta retornos decrescentes.
Há lições nisso para a China. Podemos aprender outras lições com a experiência do Japão, principalmente que nenhum modelo de crescimento dura para sempre, bolhas financeiras são perigosas e mudanças estruturais desconfortáveis podem ser muito dolorosas de implementar.
- The Future Boardroom: How to Transform in Turbulent Times, por Helle Bank Jorgensen (Barlow Books)
As empresas são, indiscutivelmente, a instituição mais importante do mundo. Embora seu foco esteja em seus negócios, elas também têm enormes efeitos sociais, políticos e ecológicos. A autora trabalhou durante anos para melhorar a capacidade dos conselhos de administração de supervisionar o que suas empresas estão fazendo.
Hoje, alguns esperam que a complexidade que ela discute possa ser eliminada. Na verdade, alguns governos estão até tentando obrigar as empresas a ignorá-la. Mas isso não pode ser feito: as empresas têm responsabilidades além de maximizar o lucro no curto prazo. Os conselhos devem reconhecê-las.
- The World Under Capitalism: Observations on Economics, Politics, History, and Culture, por Branko Milanovic (Polity)
Milanovic é um renomado especialista em desigualdade econômica global. Mas nessa coleção de ensaios ele mostra que é um intelectual de amplo alcance com uma forte inclinação polêmica. Ele é igualitário. Mas também é brilhante em furar fantasias progressistas.
Entre os ensaios mais agradáveis em uma coleção repleta deles está sua evisceração da ideia de “decrescimento”. Ele argumenta, corretamente, que isso significaria manter a maior parte da humanidade em pobreza desesperadora ou exigir que os padrões médios de vida nos países ricos do mundo fossem reduzidos em cerca de dois terços. Essas são fantasias absurdas.
- Peak Human: What We Can Learn from the Rise and Fall of Golden Ages, por Johan Norberg (Atlantic Books)
Norberg tem sido muito pessimista sobre os custos de enfrentar as mudanças climáticas. Mas o argumento aqui está correto: a humanidade é mais bem-sucedida quando está aberta ao mundo e a novas ideias.
Ele dá exemplos de tais períodos, de Atenas à Anglosfera. O período desde a Segunda Guerra Mundial testemunhou o poder da abertura. Mas agora, “em um padrão familiar do fim de muitas eras de ouro, uma série de crises… substituiu a mentalidade exploratória confiante por uma sensação de que o mundo é perigoso e que precisamos nos proteger dele.” E assim temos Donald Trump!
- Our Dollar, Your Problem: An Insider’s View of Seven Turbulent Decades of Global Finance, and the Road Ahead, por Kenneth Rogoff (Yale)
Em 2009, Rogoff, de Harvard, publicou “This Time is Different: Eight Centuries of Financial Folly”, em coautoria com Carmen Reinhart, também de Harvard. Foi um alerta de que os riscos financeiros não haviam sido domados.
Nesse novo livro brilhante, Rogoff adverte que a primazia do dólar está em risco. O livro é parte história, parte autobiografia, parte análise e parte advertência, ou melhor, duas advertências: primeiro, os EUA “sempre olham primeiro e principalmente para seus próprios interesses”; segundo, “manter uma inflação baixa ano após ano em um mundo de crescentes pressões políticas e fiscais não é tarefa simples”. Sua conclusão? A hegemonia do dólar está em risco.
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