CEO da Microsoft AI defende ‘superinteligência humanista’ – 13/11/2025 – Tec

Durante décadas, o teste de Turing foi a estrela-guia dos pesquisadores de IA. Hoje, ele está discretamente superado. Com o surgimento de modelos de raciocínio e capacidades agênticas, e com o aumento do ritmo de construção da infraestrutura de IA, cruzamos um ponto de virada na jornada rumo à superinteligência: o ponto em que a IA excede o desempenho humano em todas as tarefas.

De fato, a questão mais importante para o nosso tempo não é se a IA vai nos ultrapassar porque, de certo modo, ela já o fez (tente vencer uma IA em conhecimentos gerais), em muitos outros aspectos, ela o fará e, em alguns aspectos, seremos sempre únicos.

A verdadeira questão, então, é se podemos moldar a IA para promover o florescimento humano em vez de prejudicá-lo. Esse é o desafio mais importante do nosso tempo.

É claro que, a esta altura, todos já estão cansados do hype em torno da IA. Eu entendo. Mas os riscos não poderiam ser maiores. A ciência e a tecnologia sempre foram o maior motor de progresso da humanidade. Nos últimos 250 anos, esse motor dobrou a expectativa de vida, tirou bilhões de pessoas da pobreza e nos deu antibióticos, eletricidade e comunicação global instantânea.

A IA é o próximo capítulo dessa história. Ela representa nossa melhor chance de acelerar descobertas científicas, crescimento econômico e bem-estar humano. Sempre que você ouvir falar sobre IA, vale a pena ter esse potencial em mente.

Mas aproveitar o potencial da IA só funcionará se construirmos a IA da maneira certa. Os custos de errar são imensos. Ninguém ainda tem respostas tranquilizadoras sobre como conter ou alinhar esses sistemas. Estamos presos num momento estranho, diante das tecnologias mais poderosas da história e sem saber como elas podem ser controladas ou se continuarão sendo benéficas.

Acredito que conseguimos eliminar o ruído e entender da seguinte forma: a IA, como toda tecnologia, pode ser avaliada por um teste simples. Ela melhora a vida humana? Está claramente trabalhando a serviço das pessoas?

À medida que embarcamos na próxima fase da IA, a resposta a essas perguntas está no que chamo de Superinteligência Humanista (Humanist Super Intelligence, HSI, na sigla em inglês): IA avançada projetada para permanecer controlável, alinhada e firmemente a serviço da humanidade. Este projeto trata explicitamente de evitar, a todo custo, uma entidade ilimitada com autonomia total.

Em vez disso, devemos focar na superinteligência específica de cada domínio. Em vez de só criar um sistema que pode melhorar infinitamente e fugir de si mesmo para qualquer finalidade que possa alcançar eventualmente, o objetivo principal é oferecer benefícios práticos no mundo real para bilhões de pessoas.

Ele deve permanecer para sempre inequivocamente subordinado à humanidade. Essa é a visão da nossa Equipe de Superinteligência na Microsoft, onde nossa missão principal é manter a humanidade segura e firmemente no controle.

Por que humanismo? Porque a história demonstrou o poder duradouro da tradição humanista de preservar a dignidade humana. A IA construída com esse espírito pode trazer benefícios extraordinários, evitando riscos catastróficos.

Precisamos de uma visão de IA que apoie a humanidade, amplie a criatividade e proteja nosso frágil meio ambiente –não uma que nos deixe de lado.

O prêmio para a humanidade é enorme: um mundo de avanços rápidos nos padrões de vida e na ciência, e uma era de novas formas de arte, cultura e crescimento. É uma missão inspiradora de verdade que me motiva há décadas. Devemos celebrar e acelerar a tecnologia como o maior motor de progresso que a humanidade já conheceu. É por isso que precisamos de muito, muito mais dela.

A HSI oferece um caminho mais seguro para o futuro. Manter-se fundamentado em avanços específicos de domínios com profundo impacto social é um exemplo disso. Imagine assistentes de IA que aliviam a carga mental da vida cotidiana, aumentam a produtividade e transformam a educação por meio de um aprendizado adaptativo e individualizado.

Imagine uma superinteligência médica fornecendo diagnósticos precisos e acessíveis em nível especializado que poderiam revolucionar a saúde global, recursos já previstos por nossa equipe de saúde na Microsoft AI.

E considere o potencial dos avanços impulsionados pela IA em energia limpa, que permitirão geração, armazenamento e remoção de carbono abundantes e de baixo custo para atender à demanda crescente e, ao mesmo tempo, proteger o planeta.

Com a HSI, esses não são sonhos especulativos. São objetivos alcançáveis que podem beneficiar pessoas em todo o mundo, proporcionando melhorias concretas na vida cotidiana.

Para dizer o óbvio, os seres humanos são mais importantes do que a tecnologia ou a IA. A superinteligência pode ser a melhor invenção de todos os tempos, mas só se seguir essa máxima. Isso significa garantir responsabilidade e transparência, além da disposição de tornar a segurança uma prioridade máxima.

Nosso objetivo não é construir uma superinteligência a qualquer custo, mas seguir um caminho cuidadoso em direção a uma superinteligência contida, alinhada com valores e sempre focada no bem-estar humano.

Todos precisam se perguntar: que tipo de IA queremos mesmo? A resposta moldará o futuro da civilização. Para mim, essa resposta é Superinteligência Humanista.

Tradução por Fabrício Calado Moreira