Brics critica aumento de tarifas, sem citar Trump – 05/07/2025 – Mercado
Os países do Brics criticaram a imposição unilateral de medidas que afetam o comércio global, como o aumento de tarifas, sem citar os Estados Unidos e o presidente Donald Trump. A declaração consta no comunicado da reunião de ministros de Finanças e governadores de Bancos Centrais, divulgado neste sábado (5).
“A economia global e os mercados financeiros têm sido cada vez mais sujeitos a incertezas elevadas e períodos de intensa volatilidade”, disse o bloco em trecho do texto, que possui 20 parágrafos.
“Expressamos nossas sérias preocupações com a imposição unilateral de ações relacionadas ao comércio e às finanças, incluindo o aumento de tarifas e medidas não tarifárias que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio)”, acrescentou.
Um dos parágrafos do comunicado fala sobre tributação, em apoio a um sistema mais inclusivo e eficiente. “Continuaremos a trabalhar juntos para um sistema tributário internacional justo, mais inclusivo, estável e eficiente, adequado para o século 21”, afirmou.
“Reafirmamos nosso compromisso com a transparência fiscal e com o fomento do diálogo global sobre tributação eficaz e justa, aumentando a progressividade e contribuindo para os esforços de redução da desigualdade”, acrescentou.
No comunicado, há uma referência a um documento paralelo publicado pelo grupo, no qual os países do Brics manifestam apoio às negociações da convenção da ONU (Organizações das Nações Unidas) sobre tributação. No texto específico sobre esse tema, os países ressaltam que a tributação pode desempenhar um papel fundamental na redução das desigualdades e na promoção de um crescimento econômico mais inclusivo.
No último parágrafo, há uma menção aos super-ricos –bandeira da presidência brasileira. Os países se comprometeram a “promover assistência mútua eficaz em questões tributárias, melhorar a transparência e combater fluxos financeiros ilícitos relacionados a impostos, bem como coibir práticas tributárias prejudiciais e evasão fiscal, inclusive por indivíduos de alto patrimônio líquido.”
No comunicado conjunto, o Brics disse prever um novo mecanismo de garantias do bloco com o objetivo de incentivar investimentos privados em infraestrutura e desenvolvimento sustentável. “[O mecanismo] visa oferecer instrumentos de garantia personalizados para reduzir o risco de investimentos estratégicos e melhorar a credibilidade no Brics e no Sul Global [termo em referência aos países emergentes]”, afirmou.
Segundo o comunicado, a ideia é desenvolver a iniciativa piloto ao longo deste ano e levar o progresso feito à cúpula do Brics em 2026, que terá a Índia como presidente do bloco.
Os países do Brics evitaram se comprometer com a criação de um sistema de pagamento alternativo, como mostrou a Folha. No texto, fizeram uma menção branda aos avanços na discussão em busca de soluções que facilitem operações financeiras internacionais, com custo mais baixo, e impulsionem fluxos de comércio e investimentos entre os países.
Eles dizem reconhecer o progresso feito pela força-tarefa de pagamentos na identificação de “possíveis caminhos para apoiar a continuação das discussões sobre o potencial de maior interoperabilidade dos sistemas de pagamento do Brics” e citam um relatório técnico que compila os sistemas já existentes hoje.
Além do comunicado, também foi divulgado um documento paralelo sobre reforma da governança do FMI (Fundo Monetário Internacional).
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