Bolsonaro: manifestantes se reúnem na Paulista para ato – 06/04/2025 – Poder
Convocados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), manifestantes se reuniram na avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste domingo (6), para pressionar por anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Os apoiadores do ex-presidente começaram a se reunir pela manhã em um trecho próximo ao Masp. Ele chegou à avenida por volta das 13h45, e o ato começou às 14h, com o Hino Nacional e uma oração, finalizando por volta das 16h. O Datafolha projetou 55 mil pessoas no local.
Uma foto do ex-presidente com sete governadores que participam do protesto foi divulgada antes da manifestação. Eles almoçaram juntos no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
São eles: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Mauro Mendes (União Brasil ), de Mato Grosso, e Wilson Lima (União), do Amazonas. Os quatro primeiros são cotados como presidenciáveis em 2026 diante do vácuo aberto pela inelegibilidade de Bolsonaro.
Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, chegou a ter a presença anunciada, mas não compareceu sob a justificativa de que estaria trabalhando no combate às chuvas no estado.
Mesmo com várias lideranças políticas presentes, Tarcísio foi anunciado com mais destaque na chegada e comparado com um dos apóstolos. Ele também foi o único governador a discursar, sendo anunciado no carro de som como “um homem que verdadeiramente tem sido fiel aos princípios da direita”.
Organizador do ato, o pastor Silas Malafaia disse à Folha que em termos de presença de políticos, seria a maior manifestação desde o impeachment de Dilma Rousseff. “Serão mais de cem políticos, entre governadores, deputados e outros. Vai ser muito quente o recado hoje “.
Malafaia calibrou o seu discurso com ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por resistir a pautar a anistia. “Vou para cima deles”, afirmou ele.
Pesquisa da Genial/Quaest divulgada neste domingo aponta que a maioria dos brasileiros rejeita a anistia aos acusados do 8 de janeiro. Segundo o levantamento, 56% acham que os envolvidos devem continuar presos, ante 34% que defendem que eles sejam soltos.
Além disso, de acordo com o levantameneto, 49% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente participou do planejamento de um golpe de Estado, e outros 35% rejeitam essa hipótese. A empresa de pesquisa e consultoria ouviu 2.004 pessoas, dos dias 27 a 31 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O ex-presidente, que está inelegível por condenação na Justiça Eleitoral, é réu no STF sob acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado.
O batom é um dos símbolos da manifestação, em uma referência à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que foi presa depois de pichar de batom uma estátua em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal), episódio explorado pelos bolsonaristas críticos às penas aplicadas aos envolvidos no 8 de janeiro.
Diversas pessoas compareceram ao ato empunhando a maquiagem. Na avenida Paulista, um batom inflável de seis metros de altura foi erguido ao lado das grades que separam o público das autoridades.
No palco, Michelle pediu que as mulheres empunhassem seus batons e convidou ao trio a filha de uma presa do 8 de janeiro.
“Luiz Fux, não deixe essa mulher morrer.”
Ela também levou um representante de religião de matriz africana, Sergio Pina, para simbolizar a diversidade no Brasil.
A ex-primeira-dama chamou três dos filhos de Bolsonaro, Flávio, Carlos e Jair Renan, para abraçar o pai no palco e utilizou do momento para lamentar a ausência de Eduardo Bolsonaro, que anunciou um autoexílio nos Estados Unidos em março. “Força, Eduardo”, disse ela, pedindo que os presentes fizessem coro à sua fala.
Houve um tumulto ao lado do carro de som de Bolsonaro, com apoiadores tentando entrar em um espaço reservado.
Um trio elétrico principal foi reservado ao ex-presidente e seu núcleo mais próximo, incluindo os governadores, enquanto o outro abrigou outros parlamentares e aliados.
Receosos com a chuva prevista, os organizadores prepararam tendas para proteger as autoridades e pediram que os discursos tivessem a duração de, no máximo, três minutos. No entanto, não choveu durante o ato.
Candidato à Presidência derrotado nas eleições de 2022, padre Kelmon Luis Da Silva Souza (PL) esteve na avenida Paulista na tarde deste domingo. Ele afirmou apoiar a anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, que “não passam de mulheres de 70 e 60 anos e homens com câncer que não cometeram crime algum”.
Perguntado se pretende entrar na corrida presidencial de 2026, ele disse que não. Kelmon afirmou que Bolsonaro pediu para que ele concorra a deputado estadual por São Paulo. “Moro aqui há mais de 25 anos, é o melhor jeito de ajudar meu partido”, afirma.
Ao chegar no ato, o deputado federal Mario Frias (PL-SP) disse que a manifestação obriga a Câmara dos Deputados a votar a urgência do projeto.
“Eu vejo o presidente Hugo Motta numa situação difícil. Ele tem que se posicionar”, disse ele.
Frias também traçou um paralelo com a anistia concedida após o período da ditadura militar e, em tom mais brando, pregou pacificação no Brasil.
“Anistia já foi usada no Brasil como forma de pacificação, disse ele. As diferenças políticas devem ficar no campo das ideias. Democracia é isso”, declarou o deputado.
Filha de Cleriston da Cunha, o Clezão, preso no 8 de janeiro que morreu na prisão em 2023, a estudante Luiza Cunha, 21, diz que a manifestação é importante para que mais pessoas presas naquele evento saiam da cadeia.
“A pressão já fez com que algumas pessoas saíssem. Só a mobilização fará todos saírem. Infelizmente isso não vai trazer meu pai de volta, mas ajudará outras pessoas “, afirmou. Ela, a mãe e uma irmã vieram do Distrito Federal para o ato. Todas usam camisas em homenagem a Clezão.
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