Advogado de Bolsonaro nega ter procurado familiares de Cid – 01/07/2025 – Poder
O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Paulo Amador Cunha Bueno negou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que tenha atuado para conseguir detalhes da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
Na última quarta (25), Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal ouvisse Cunha Bueno e Fábio Wajngarten sobre suposta tentativa de obter informações sobre a colaboração. Segundo o ministro, relatos enviados por Cid e familiares indicam a “suposta prática dos crimes de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa”.
Cunha Bueno compõe a equipe de defesa de Bolsonaro no STF. Wajngarten também foi advogado do ex-presidente e o assessorou até ser demitido no mês passado.
Segundo a defesa de Cid, a mãe do militar, Agnes Barbosa Cid, foi abordada “em eventos realizados na Hípica de São Paulo” por Luiz Eduardo Kuntz e por Bueno. Kuntz defende outro réu do caso e afirma ter recebido mensagens do tenente-coronel sobre a delação.
Ainda de acordo com os advogados do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ambos “cercaram-na no sentido de demover a defesa então constituída por Mauro Cid”.
Bueno confirmou ao STF ter sido apresentado a Agnes na Sociedade Hípica Paulista, mas negou o conteúdo da conversa relatado por Cid.
O advogado afirmou que “o encontro foi bastante breve, amistoso e absolutamente protocolar” e que, nele, elogiou o desempenho da neta de Agnes, e filha de Mauro Cid, na equitação. “Nada para além disso”, disse. A adolescente competiu no torneiro que ocorreu Hípica na ocasião.
Bueno intercedeu pela amazona a pedido do general Mauro Lorena Cid, pai de Mauro Cid, para conseguir a inscrição dela no concurso.
Pelo relato, Wajngarten procurou Bueno a pedido do general Cid a respeito da inscrição da adolescente, o que foi feito, sem que o advogado conhecesse a família.
A defesa de Bueno afirma que ele e Cid se conheceram em março de 2023, pouco depois de o advogado ter assumido o caso das joias presenteadas pela Arábia Saudita.
De acordo com o advogado, o contato à época foi necessário porque parte “parte do processo de recebimento, catalogação e encaminhamento de presentes oficiais, era de atribuição da pasta da Ajudância de Ordens, função por ele liderada durante o governo Bolsonaro”.
Ainda segundo a petição, a partir daí, Bueno manteve contatos esporádicos com o militar até a prisão de Cid, em maio de 2023. Os dois teriam voltado a se encontrar apenas na sessão de interrogatórios da trama golpista, em junho deste ano —”ocasião em que se limitou a um breve cumprimento com gesto de cabeça”, diz o advogado de Bueno.
O defensor diz que o tenente-coronel tenta impor outra narrativa diante de evidências de que violou seu acordo de colaboração.
No mesmo caso, o coronel da reserva Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e réu no processo sobre a trama golpista, foi preso pela Polícia Federal em 18 de junho.
A decisão ocorreu após o advogado do militar, Luiz Eduardo Kuntz, enviar ao Supremo mensagens e áudios que teriam sido trocados entre Câmara e o tenente-coronel Mauro Cid sobre conteúdo relacionado à delação premiada firmada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Com base nas conversas, o defensor pediu que a colaboração fosse anulada.
Em sua decisão, Moraes afirma que Câmara cumpria medidas cautelares que o impossibilitavam de manter contato com os demais investigados da trama golpista, inclusive por meio de terceiros.
Share this content:



Publicar comentário