Moody’s retira classificação de crédito máxima dos EUA – 16/05/2025 – Mercado

Moody’s retira classificação de crédito máxima dos EUA – 16/05/2025 – Mercado


Os EUA perderam sua classificação de crédito máxima (triplo A) concedida pela Moody’s Ratings devido a preocupações com o aumento dos níveis da dívida pública.

Na tarde de sexta-feira (16), a agência rebaixou a classificação de crédito dos EUA de Aaa para Aa1, enquanto a perspectiva foi alterada de negativa para estável. As outras principais agências, Fitch e S&P, já haviam retirado a classificação impecável dos EUA anteriormente.

A Moody’s afirmou que espera que os déficits federais aumentem para quase 9% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2035, em comparação com 6,4% no ano passado, devido ao aumento dos pagamentos de juros sobre a dívida, gastos com direitos adquiridos e uma “geração de receita relativamente baixa”.

“Esse rebaixamento de um nível em nossa escala de 21 níveis reflete o aumento, ao longo de mais de uma década, da dívida pública e das razões de pagamento de juros para patamares significativamente superiores aos de soberanos com classificação semelhante”, escreveu a agência.

Pela primeira vez na história, os Estados Unidos não mantêm a nota de crédito máxima triplo A em nenhuma das três principais agências de classificação de risco. A S&P foi a primeira a retirar a nota máxima do país, em 2011, e a Fitch seguiu o mesmo caminho em 2023.

Yesha Yadav, professora da Faculdade de Direito da Universidade Vanderbilt e especialista no mercado de títulos do Tesouro, afirmou que o rebaixamento pela Moody’s é “mais um alerta realista diante de um cenário cada vez mais sombrio para a gestão da dívida pública dos EUA”.

Ela acrescentou: “Embora não seja uma surpresa, ainda assim representa um choque considerável para um mercado já tenso —e uma repreensão aos formuladores de políticas, que precisam agir com urgência para implementar as reformas necessárias e garantir que o crédito dos EUA continue sendo visto como o principal ativo livre de risco do mundo.”

A notícia provocou alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA. A taxa do título de referência com vencimento em 10 anos subiu 0,03 ponto percentual após o anúncio, atingindo 4,48%. Quanto maior a percepção de risco, maior a taxa de retorno cobrada pelos investidores, o que explica a alta de juros desses títulos.

“O maior problema agora não são as tarifas, mas a falta de avanços nas negociações sobre o déficit em Washington”, afirmou Andy Brenner, chefe da corretora NatAlliance Securities, acrescentando que o rebaixamento está “pressionando os títulos do Tesouro”.

Na sexta, a proposta orçamentária e de reforma tributária dos republicanos foi rejeitada na Câmara dos Representantes, após parte do próprio partido de Donald Trump argumentar que a medida ampliaria demais o déficit federal.

Atualmente, o déficit está em 6,4% do PIB —um patamar que, segundo economistas, está bem acima do considerado sustentável no longo prazo. O Comitê para um Orçamento Federal Responsável (Committee for a Responsible Federal Budget) estima que o projeto de lei tributária pode adicionar até US$ 5,2 trilhões à dívida pública ao longo de 10 anos.

As políticas comerciais e os cortes de impostos promovidos por Donald Trump já haviam motivado alerta por parte do Federal Reserve e de economistas renomados sobre os possíveis impactos negativos na economia dos EUA, enquanto seu governo enfrentava dificuldades para acalmar o mercado de títulos.

“Esse rebaixamento é o resultado de muitos, muitos anos de má gestão fiscal — incluindo, mas não se limitando ao governo Trump”, afirmou Steven Grey, diretor de investimentos da Grey Value Management.

“Reflete uma visão negativa sobre a capacidade dos Estados Unidos de corrigir sua situação financeira”, avaliou Ann Rutledge, ex-analista sênior da Moody’s e atual presidente-executiva da consultoria CreditSpectrum.

“Essa decisão demorou para chegar —e é um alerta severo.”



Fonte: UOL

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