Google anuncia avanço em computação quântica com Willow – 22/10/2025 – Tec
A Alphabet, dona do Google, rodou um algoritmo em seu chip de computação quântica Willow que pode ser reproduzido em plataformas semelhantes e supera os supercomputadores clássicos —um avanço que, segundo a empresa, abre caminho para aplicações práticas da tecnologia dentro de cinco anos.
O algoritmo “Quantum Echoes”, descrito em um artigo publicado nesta quarta-feira (22) na revista científica Nature, é verificável —ou seja, pode ser repetido em outro computador quântico.
Segundo o Google, ele também executou cálculos 13 mil vezes mais rápido do que seria possível no supercomputador mais potente do mundo. Juntas, essas conquistas apontam para uma ampla gama de usos potenciais em medicina e ciência dos materiais, disse a companhia.
“O ponto-chave sobre a verificabilidade é que ela representa um enorme passo no caminho rumo a uma aplicação do mundo real”, afirmou Tom O’Brien, cientista de pesquisa do Google Quantum AI que supervisionou o trabalho.
“Ao alcançar esse resultado, estamos realmente avançando na direção do uso comum.”
As ações da Alphabet subiram até 2,4% nesta quarta-feira nas negociações em Nova York.
O avanço aproxima o Google de aproveitar o poder de processamento prometido pela computação quântica —área também explorada por rivais como Microsoft, IBM e várias startups. O feito vem após o anúncio de dezembro de que o Willow havia resolvido um problema em cinco minutos que levaria um supercomputador 10 septilhões de anos para completar.
Computadores quânticos realizam cálculos por meio de circuitos microscópicos, como os computadores tradicionais, mas processam informações em paralelo, e não de forma sequencial —o que os torna muito mais rápidos.
Embora empresas já tenham declarado ter construído plataformas quânticas capazes de superar os computadores clássicos, o grande desafio tem sido encontrar aplicações realmente úteis.
O cientista da computação Scott Aaronson, que não participou do estudo, escreveu em um email que ficou “entusiasmado” com o progresso do Google em superar supercomputadores de maneira repetível —e, portanto, comprovável— em um segundo computador quântico, algo que tem sido “um dos maiores desafios do campo nos últimos anos”. Ainda assim, ele alertou que há muito trabalho pela frente.
“Chegar daqui até algo comercialmente útil e/ou alcançar tolerância a falhas em escala (que não foi usada nesta demonstração) será outro grande desafio”, escreveu Aaronson, que é titular da Cátedra Schlumberger de Ciência da Computação na Universidade do Texas, em Austin.
Um dos usos do novo algoritmo é analisar estruturas moleculares calculando as distâncias entre átomos, demonstraram cientistas em um segundo artigo colaborativo ainda não revisado por pares.
O método poderia ser aplicado à descoberta de medicamentos e à ciência dos materiais —inclusive no desenho de baterias—, embora isso exigisse um computador quântico 10 mil vezes maior do que os disponíveis atualmente, estimam os pesquisadores do Google.
A equipe, que inclui o ganhador do Prêmio Nobel de Física de 2025, Michel H. Devoret, afirmou que pretende seguir avançando em direção a aplicações práticas, ampliando a escala e melhorando a precisão de suas máquinas.
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