Compra da EA: sauditas querem limpar reputação negativa – 01/10/2025 – Tec
Esta é a edição da Combo, a newsletter de games da Folha. Quer recebê-la todas as terças no seu email? Inscreva-se abaixo.
A segunda-feira (29) foi marcada com o anúncio de uma das maiores transações na história dos games. A EA (Electronic Arts) foi vendida a um consórcio formado pelo Fundo Soberano da Arábia Saudita e fundos de investimento em capital privado, e deixará de ter capital aberto.
- A desenvolvedora é conhecida por seus vários jogos de esportes, como o “Fifa”, e também por “The Sims”, “Apex Legends” e outros títulos.
Foram US$ 55 bilhões (cerca de R$ 293 bilhões) investidos na transação, divulgada pela empresa de games como uma propulsão na criatividade e na inovação do estúdio. É fato que a EA não tem sido a maior referência nestas duas características —os títulos esportivos ganham mais melhorias incrementais do que substantivas, por exemplo.
Mas, acima de tudo, o propósito da negociação vai além de produção de jogos, entrando na seara geopolítica e macroeconômica. A empresa não é a primeira, nem a última comprada pelo governo saudita, um petroestado que busca se consolidar como potência regional do Oriente Médio.
O Fundo Soberano saudita possui uma série de outras companhias de games. A carteira de investimentos de Mohammed Bin Salman tem Nintendo, SNK, Take-Two, Capcom e Embracer Group, todas grandes no mundo dos consoles e títulos. A própria EA já era 9,9% do príncipe.
O país tem investido em outros negócios além dos joysticks e teclados: além dos grandes clubes Al Hilal, Al Nassr, Al Ahli e Al Ittihad, o fundo é acionista majoritário do Newcastle United desde 2021 e anunciou parcerias com as organizações que comandam o tênis masculino e feminino.
Ainda nos games, o COI (Comitê Olímpico Internacional) anunciou a primeira edição dos Jogos Olímpicos de esports sediados em Riade, capital saudita. O evento, inicialmente programado para este ano, foi adiado e deve acontecer em 2027.
Todos estes movimentos visam resolver um problema de ordem econômica que a Arábia Saudita tem encontrado em seu esforço de se tornar uma potência regional: a diversificação de recursos, com a consequente redução da dependência do petróleo na arrecadação e na produção.
A commodity sempre legitimou o regime autoritário: com amplas reservas petrolíferas, o país segue uma lógica de “sem taxação, sem representação”: se o recurso natural paga os arranha-céus do país, os habitantes que lá trabalham e convivem ficam calados, sob duras sanções se fizerem o contrário.
Em termos de negócios, então, os sauditas estão usando suas grandes receitas com o combustível, que ainda move o mundo, para se firmarem no cenário econômico. Exploram a propriedade intelectual criada por todas essas empresas, ganham aprendizado em outros setores e podem manter o regime diante da iminente transição energética, que impactará as finanças do país.
Politicamente, é positivo para os sauditas se cacifarem como embaixadores dos games, atrativos para o mercado cultural e de entretenimento. Ganhar as manchetes ou a interpretação política de que se investe em cultura, uma das principais formas de expressão social e política, leva ao esquecimento das várias violações de direitos humanos cometidas no país.
Sem falar na falta completa de direitos políticos e sociais: no ano passado a Arábia Saudita executou 330 pessoas em 2024, apesar da afirmação de MBS, em 2022, de que a pena de morte teria sido eliminada, como parte de sua visão para um novo reino mais aberto. Os números são da ONG Reprieve, de direitos humanos, verificados pela Reuters.
É fácil perceber, então, que o país está investindo seus bilhões para fazer desaparecer sua reputação autoritária e violadora de valores considerados fundamentais pela sociedade internacional, não apenas ocidental. Turismo e entretenimento, neste caso, acobertam violência do Estado.
Para a EA, o acordo ainda vai precisar se mostrar vantajoso. É completamente possível que o futuro criativo da empresa seja tolhido em caso de qualquer investimento contrário aos valores dos novos proprietários, fora a pressão por maior lucratividade, o que pode levar a demissões em massa e mudanças nos games e serviços.
O banho de dinheiro, por óbvio, deve inicialmente trazer novas possibilidades à desenvolvedora, que recentemente não tem emplacado novas soluções nos jogos e tem ficado na zona de conforto. Mas o valor alto da compra vai ser cobrado no futuro, e é neste momento que veremos se os gamers vão levar a melhor no negócio.
Quem ganhou mais até agora foram os acionistas, que levarão US$ 210 (cerca de R$ 1.120) por ação, 25% a mais que o valor no momento do anúncio da transação. Todo mundo saindo feliz, por enquanto.
No final, EA é poder, EA é pop, EA é saudita.
Play
dica de game, novo ou antigo, para você testar
Party Animals
(PC, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S)
Lançado há dois anos, é um jogo bastante descomplicado e muito divertido, simples e cativante. Há vários modos diferentes de jogo, mas o Last Stand, principal formato de jogatina, tem como objetivo lançar seus oponentes para fora da área de combate com socos, cabeçadas e armas que ficam disponíveis no mapa. Os mapas oferecem dinamismo com várias reviravoltas, e as ações são fáceis de serem realizadas, evitando uma experiência frustrante para quem é novo nos jogos. Vale muito a pena misturar fofura com batalha.
Update
novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa
- Doug Bowser, chefe-executivo e presidente da Nintendo da América e com o mesmo nome do vilão da franquia “Super Mario Bros.”, anunciou que deixará o posto de chefia do braço ocidental da empresa no final deste ano. Ele passará a presidência para Devon Pritchard, veterana na gigante japonesa e executiva de longa data. Paralelamente a ela, Satoru Shibata, executivo da divisão japonesa, passará a ser o CEO da Nintendo da América, sem abandonar suas funções na sede da Big N. Bowser se destacou por manter o fôlego do Switch e por coordenar parcerias que levaram aos filmes e parques da Nintendo.
- A Sony lançou um novo modelo do PlayStation 5, que resolve o problema de design do console que fazia o metal líquido que resfriava o videogame vazasse e afetasse o funcionamento do sistema, podendo levar até à inutilização da plataforma. O modelo CFI-2100 veio com outras mudanças, tais como a redução do SSD, de 1TB de fábrica para 825 GB (com parte ocupado pelo sistema operacional), mudanças no sistema de dissipação de calor e a troca do material usado abaixo da capa branca do console, antes brilhante, agora fosco.
- Estúdios e desenvolvedoras estudam como se adaptar ao Online Safety Act (Lei de Segurança Online, em tradução livre), aprovada em 2023 no Reino Unido e em vigor a partir deste mês, que prevê a proteção de crianças em plataformas online, evitando exposição a conteúdo nocivo, como pornografia ou material sobre suicídio. A lei entende que as empresas devem implementar medidas de garantia de idade e avaliar riscos para crianças em seus serviços. Ela se aplica, por exemplo, a serviços de bate-papo ou compartilhamento de conteúdo dentre os jogos. Steam, Xbox e Roblox passaram a introduzir verificação de idade.
- Dan Houser, um dos fundadores da Rockstar, afirmou no último sábado (27) em painel da Los Angeles Comic Con 2025, na Califórnia, que “Bully 2”, demandado pela comunidade gamer, nunca saiu por questões de recursos e estrutura do estúdio. “Sabe, se você tem um time de liderança criativa pequeno, e uma equipe pequena de liderança sênior, você simplesmente não pode fazer todos os projetos que quer”, afirmou.
- A Microsoft anunciou na última quinta-feira (25) o lançamento de “Forza Horizon 6” em transmissão da Xbox no Tokyo Game Show 2025. Ele será lançado primeiro para PC e Xbox Series X|S, chegando depois ao PlayStation 5, como parte da política de coletivizar títulos antes exclusivos. O título via misturar o ambiente urbano de Tóquio com áreas rurais japonesas, como o Monte Fuji.
- A Riot Games recuou e decidiu manter o CBLOL (Campeonato Brasileiro de “League of Legends”) em seu formato original. A empresa divulgou a manutenção do torneio no último domingo (28), na final do torneio Cross-Conference nas Américas. A Riot não divulgou mais detalhes sobre o retorno da liga, mas o campeonato voltará no ano que vem.
Download
games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena
29.set
“Bouncemasters” (PC)
“Unyielder” (PC)
30.set
“Alien Rogue Incursion Evolved Edition” (PC, PS5, Xbox Series X|S)
“Final Fantasy Tactics The Ivalice Chronicles” (Nintendo Switch, PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S)
“LEGO Party” (Nintendo Switch, PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S)
“Nicktoons and the Dice of Destiny” (Nintendo Switch, PC, PS5, Xbox Series X|S)
“Train Sim World 6” (PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S)
1º.out
“100 Africa Cats” (PC)
“Flick Solitaire” (PC)
“KAIJU NO. 8 THE GAME” (PC)
2.out
“Ghost of Yotei” (PS5)
“Super Mario Galaxy + Super Mario Galaxy 2” (Nintendo Switch, Switch 2)
“The Sims 4 Pacote de Expansão Novas Aventuras” (PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S)
3.out
“Castle of Heart: Retold” (Nintendo Switch, Switch 2, PC, PS5, Xbox Series X|S)
“Digimon Story Time Stranger” (PC, PS5, Xbox Series X|S)
5.out
“A Wild Last Boss Appeared! Black-Winged Survivor” (Nintendo Switch, PC, PS4, PS5)
Share this content:



Publicar comentário