Vaias da torcida do Palmeiras a Abel Ferreira são injustas – 09/08/2025 – Tostão

Vaias da torcida do Palmeiras a Abel Ferreira são injustas – 09/08/2025 – Tostão


No meio de semana, enquanto o Congresso pegava fogo, as torcidas de oito clubes brasileiros (Corinthians, Vasco, Botafogo, Fluminense, Cruzeiro, Atlético-MG, Bahia e Athletico-PR), comemoravam a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil. Como é habitual, detalhes técnicos e táticos, erros dos árbitros e fatores inesperados contribuíram para decidir as partidas.

Flamengo e Palmeiras, os dois mais fortes candidatos aos títulos do Brasileirão e da Libertadores, foram eliminados. Em jogos mata-mata, contra grandes adversários, não existem surpresas. Além disso, Flamengo e Palmeiras não são timaços como gostam de dizer. O Palmeiras piorou com as saídas de seus dois melhores jogadores, Estêvão e Richard Ríos.

As vaias e ofensas de parte da torcida do Palmeiras aos jogadores e ao treinador vitorioso Abel Ferreira são injustas, um grande exagero, condutas cada dia mais frequentes no futebol brasileiro. Pior, gravíssimo, são a pressão e as ofensas de muitos torcedores nas dependências dos clubes. Certamente, é a minoria. Os jogadores e treinadores erram, mas fazem tudo para vencer. Isso é óbvio.

A agressividade, a intolerância e a violência no futebol são reflexos da criminalidade, da sociedade do espetáculo, do exagero, da polarização, das falsas narrativas, da radicalização e do ódio a quem pensa de maneira diferente. O país caminha para a falência política e para a autodestruição.

Ainda bem que a maioria dos torcedores quer apenas torcer e desfrutar das emoções e da beleza de uma partida de futebol. Existem torcedores de todos os tipos. Muitos são extrovertidos, vão para o estádio com bandeiras e camisas de seus times. Cantam e dançam. A vitória é uma catarse completa, uma imensa alegria.

Há também os solitários, os tímidos e os que se acham os grandes entendidos do futebol. Torcem calados, prestam atenção em todos os detalhes e possuem todas as informações. Gostariam de falar com os técnicos durante os jogos e, assim como os comentaristas, acham que possuem a fórmula mágica de vencer. Existem ainda os marretinhas, que reclamam de tudo, até na vitória. Gostam de torcer atrás do túnel, próximo dos treinadores, para vaiá-los e pedir substituições.

A maior parte dos torcedores é dócil e responsável. Os violentos são poucos, porém perigosos. A presença de um chefe de torcida exaltado contagia os outros. Os instintos agressivos são liberados e rapidamente propagados, uma tragédia. Os violentos não se sentem culpados no meio da multidão. Para eles, a culpa é do grupo.

Quando era menino, ia com meu pai ao estádio Independência. A festa começava nos ônibus. Raramente havia tumultos. Gostava de ficar no degrau mais baixo da arquibancada, poucos metros acima do gramado. Via os detalhes, as emoções e os suores dos jogadores. Uma barra de ferro nos separava do gramado. Sentia-me participante do espetáculo.

Recentemente, fui ao Mineirão com meus filhos, netos, familiares e amigos e fiquei encantado com a beleza da festa da torcida do Cruzeiro. Gostaria de voltar mais vezes, mas vejo os jogos pela televisão porque é mais fácil, simples, e, em casa, tenho muitas informações e opiniões dos jornalistas que fortalecem meu entendimento do jogo. Além disso, as imagens dos jogos são bastante abertas, amplas, o que facilita a compreensão do conjunto.


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Fonte: Uol

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