A Copa do Brasil é uma dureza deliciosa – 02/08/2025 – Juca Kfouri
Nos oito jogos da rodada de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, dois times venceram como visitantes: o Fluminense, no Beira-Rio, e o Atlético Mineiro, no Maracanã.
Apenas um time venceu por dois gols de diferença: o Botafogo.
Os demais mandantes ganharam por apenas um gol.
E houve dois empates obtidos pelos times alagoanos, um da Série C, o CSA, que recebeu o Vasco e ficou no 0 a 0, e outro da Série B, o CRB, que visitou o Cruzeiro e arrancou também a igualdade sem gols.
Nos três clássicos envolvendo campeões brasileiros que estão na Série A, o mais palpitante é o Dérbi paulista, mesmo que Flamengo x Atlético Mineiro seja sempre grande atração.
Em Itaquera houve de tudo o que as grandes rivalidades produzem: pênalti perdido por Yuri Alberto, gol evitado na linha por André Ramalho, o primeiro gol de Memphis Depay em clássicos e o empate palmeirense anulado por impedimento milimétrico —e pelas mal-traçadas linhas do VAR da CBF, ainda a lenha quando já existe o automático.
O 1 a 0 para o alvinegro despertou tudo o que o chorão Abel Ferreira e a Fiel têm de pior: o português mal-educado em campo e a torcida mal-educada fora dele.
Ainda não inventaram o remédio para puni-los convenientemente —quer dizer, até inventaram, mas, no Brasil, há temor em aplicá-lo com rigor.
Se não bastasse, Hugo Souza virou sommelier de comemoração de gol, ao investir contra Maurício, o autor do tento depois anulado, que procurou uma camisa verde na arquibancada e, sem encontrá-la em palco de torcida única, quase apanhou.
Presente ao estádio, o ministro Alexandre de Moraes há de ter visto —na noite em que mostrou a Donald Trump como está se lixando para a arbitrariedade cometida contra ele, e o dispensável dedo médio a um “patriota”— a bobagem cometida por ele quando secretário da Segurança em São Paulo.
Nada se resolveu no Dérbi, como nada está resolvido em nenhum dos outros sete jogos.
Porque até mesmo para Bahia e São Paulo, que tinham imposto confortáveis dois gols de vantagem sobre Retrô e Athletico Paranaense, respectivamente, as coisas se complicaram com desconfortáveis gols no fim, na Fonte Nova (3 a 2) e no Morumbi (2 a 1).
Embora favoritos, os tricolores baiano e paulista que abram os olhos para não ser surpreendidos no Recife e em Curitiba.
De todos os 16 participantes que restaram na Copa, a situação mais segura é a do Glorioso, que jogará em Bragança com 2 a 0 no placar, e contra um time que sempre nega fogo na hora de decidir.
Se o Fluminense confirmar a classificação no Maracanã, contra o Colorado, aliviará a barra do enfadonho Renato Gaúcho como técnico copeiro. As entrevistas dele são tão repetitivas que melhor seria se ele as deixasse gravadas.
Finalmente, que nem Vasco nem, principalmente, Cruzeiro imaginem ter vida fácil em São Januário e no Rei Pelé, contra os bravos alagoanos do CSA e do CRB.
Verdade que a situação cruzmaltina deve ser menos complicada, mas o Vasco é o Vasco e não dá motivos para inspirar confiança.
Já o Cruzeiro parece despencar subitamente e enfrentará mais que um time, mas uma torcida capaz de dopar o Galo da Praia e levá-lo às quartas de final.
A Copa do Brasil é assim: deliciosamente uma dureza.
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